Uma publicação em um blog chamado American Thinker (Pensador Americano, em tradução literal) dizia que "ninguém deveria se surpreender com a vontade dos fanáticos de explodir monumentos que tem cerca de 5,5 mil anos", criando assim uma enorme polêmica.
A revista Commentary (Comentário, em tradução literal) foi mais contida, mas demonstrou sua preocupação: "O fato de uma ideia maluca como esta ser capaz de ganhar voz em qualquer mídia árabe ou site islâmico deveria ser motivo de preocupação, dados os seus antecedentes."
Estes antecedentes são coisas como a recente destruição de monumentos antigos por radicais islâmicos em Timbuktu, que tomaram conta do norte de Mali e consideraram a região anti-islâmica, e a destruição de estátuas de 1,5 mil anos de Buda esculpidas em um penhasco na região central do Afeganistão pelo Taleban, em 2001. Mas, em geral, a história da pirâmide não causou tanto impacto assim.
Um programa de televisão egípcio mencionou o ocorrido, mas apenas para denunciar o xeque saudita Ali Al Rabieei, que havia sido citado em uma reportagem como o futuro destruidor das pirâmides. O xeque repudiou as declarações atribuídas a ele e ofereceu uma recompensa para quem lhe disser quem foi o responsável pelas declarações feitas em seu nome em duas contas supostamente falsas no Twitter.
"Estes boatos procuram danificar a imagem do Egito e a imagem de Morsi", disse Nur el-Din. Ele afirmou que Morsi havia garantido aos funcionários de turismo do Egito de que as antiguidades do país não estavam em perigo de serem danificadas pelo novo governo.
Em janeiro de 2011, o xeque Abdel Moneim el-Shahat, o porta-voz do Movimento de Pregação Salafista, disse que a questão das antiguidades do Egito era simplesmente um problema teológico e sugeriu uma solução: cobrir as cabeças das antigas estátuas egípcias com cera. Isto faria com que elas continuassem ali fisicamente, mas que tecnicamente seus rostos fossem"apagados". "Eu faria algo que combinasse adesão religiosa, mas permitisse que as antiguidades continuassem existindo como monumentos históricos", disse ele em um programa de televisão.
Então, em agosto do ano passado, Shahat foi convidado a explicar a diferença entre seu plano e a destruição dos Budas por parte do Taleban, que ele claramente se absteve de criticar.
"Quando isso aconteceu, o Taleban estava no poder ", disse ele, enquanto que os salafistas no Egito não estão. Um vídeo dessa entrevista foi publicado no YouTube.
Na semana passada a história ganhou vida com um comentário feito por Joel Brinkley, professor da Universidade de Stanford e ex-correspondente do The New York Times, no site de notícias Newsday.
"Morsi se tornou presidente do Egito há menos de um mês e já existem clérigos em seu país e ao redor do mundo islâmico pedindo a demolição das pirâmides", escreveu Brinkley. "Morsi não teve nada a dizer sobre isto, nem sequer uma palavra", acrescentou.
Ahmed Sobeai, um porta-voz do Partido para Liberdade e Justiça, um partido político da Irmandade Muçulmana, respondeu: "O doutor Morsi não pode responder por algo que não aconteceu."
Sobeai disse que tudo isso era apenas 'uma tentativa de fabricar uma crise a partir de uma ilusão'."As pirâmides, disse ele, estão seguras".
Por Rod Nordland e Mayy El Sheikh