POR UM PLANETA CONSCIENTE E VIVO


TRISTE VERDADE

Interessante e, ao mesmo tempo, desconcertante. ..

Quino, Autor da “Mafalda”, desiludido com o rumo deste século, no que respeita a valores e educação, deixou impresso nos cartoons o seu sentimento.
Sugestão do Dia: Plante sempre e cultive amor.

PLANETA CIFRÃO

Miséria é o principal "produto" do capitalismo O capitalismo tem legiões de defensores. Muitos o fazem de boa vontade, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente ante os olhos de homens e mulheres. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amassam enormes fortunas, graças às suas injustiças e iniquidades.
Além do mais há outros ("gurus" financeiros, "opinólogos", jornalistas "especializados", acadêmicos "pensadores" e os diversos expoentes do "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que, em termos de degradação humana e do meio-ambiente, o sistema impõe. No entanto, são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem com seu trabalho de forma incansável. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de ideias" é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não retrocedem em seu empenho. Para resistir à proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e de sua capacidade para promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema pelas Nações Unidas. Isso é sumamente didático quando se escuta, principalmente no contexto da crise atual, que a solução aos problemas do capitalismo se obtém com mais capitalismo; o que o G-20, o FMI, a OMC e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, vão poder resolver os problemas que provocam agonia à humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que uma ilusão. Seguem propondo o mesmo, só que com um discurso diferente e uma estratégia de "Relações Públicas", desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver dúvidas que olhe o que está propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e que seguem aplicando na América Latina e na África desde os anos 1980! A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza (CROP, na sigla em inglês), da Universidade de Bergen, na Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, a partir de uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado há mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e vários "especialistas". População mundial: 6,8 bilhões, dos quais:
    • 1,02 bilhão têm desnutrição crônica (FAO, 2009)
    • 2 bilhões não têm acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov)
    • 884 milhões não têm acesso a água potável (OMS/UNICEF 2008)
    • 924 milhões de "sem teto" ou que vivem em moradias precárias (UN Habitat 2003)
    • 1, 6 bilhão não tem eletricidade (UN Habitat, “Urban Energy”)
    • 2,5 bilhões não tem acesso a saneamento básico e esgotos (OMS/UNICEF 2008)
    • 774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org)
    • 18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria delas de crianças com menos de 5 anos (OMS)
    • 218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham em condições de escravidão ou em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes na agricultura, na construção civil ou na indústria têxtil (OIT: A Eliminação do Trabalho Infantil: Um Objetivo a Nosso Alcance, 2006)
    • Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na riqueza global de 1,16% para 0,92%, enquanto que os 10% mais ricos acrescentaram mais riquezas, passando de 64,7 para 71,1% da riqueza produzida mundialmente. O enriquecimento de poucos tem como reverso o empobrecimento de muitos.
    • Só esse 6,4 % de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população da Terra, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa seria obtida se tão só fosse redistribuído o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002, dos 10% dos mais ricos do planeta, deixando intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.
Conclusão: Se não se combate a pobreza (nem fale de erradicá-la sob o capitalismo!) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável, centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade econômico-social. Depois de cinco séculos de existência, isto é o que o capitalismo tem para oferecer. Que esperamos para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em troca, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos, nem para os pobres. A sentença de Friedrich Engels, e também de Rosa Luxemburgo: "Socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente que nunca.
Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro, e seu motor é a ganância. Mais cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Todavia ainda temos tempo, mas não muito. Alinhar ao centro
Fonte: Jornal La República, Espanha Colaborou: Zé T.

VACUO ESPACIAL ?

Buraco espacial intriga cientistas

O que se imaginava ser uma nuvem escura e fria na constelação de Órion na verdade é um “vazio” espacial

Um telescópio europeu em órbita encontrou algo inusitado enquanto procurava por estrelas jovens: um verdadeiro buraco espacial.

Ele fica na nebulosa NGC 1999, uma nuvem brilhante de gás e poeira na constelação de Órion. A nebulosa brilha com a luz de uma estrela próxima. O telescópio Hubble a fotografou pela primeira vez em dezembro de 1999. Na época, presumiu-se que um ponto escuro da nuvem era uma bolha mais fria de gás e poeira, que de tão densa bloquearia a passagem da luz.

Mas novas imagens do observatório Herschel, da Agência Espacial Europeia, mostram que a “bolha” na verdade é um espaço vazio. Isso porque o observatório capta imagens infravermelhas, o que permite que o telescópio veja além da poeira mais densa e enxergue os objetos dentro da nebulosa. Mas até mesmo ao Herschel, o ponto estava preto.

Os astrônomos acreditam que o buraco, medindo 0,2 anos-luz, foi feito pelo processo tumultuoso de nascimento de uma estrela embrionária vizinha, chamada V380 Ori. Esta proto-estrela já é 3,5 vezes o tamanho do Sol. O time que fez a descoberta acredita que a V380 Ori está sinalizando sua quase maturidade ao projetar rapidamente colunas de gás de seus pólos, que estão destruindo qualquer material remanescente da formação da estrela.

“Achamos que a estrela está lançando um jato na velocidade de centenas de quilômetros por segundo, e é ele que está causando o ‘buraco’ na nuvem vizinha,” disse Tom Megeath, que coordenou a pesquisa pela University of Toledo, em Ohio, nos Estados Unidos. “Essencialmente, esses jatos de gás estão sendo projetados e eles acabam com todo o gás e poeira.”

Herschel e os buracos Megeath comentou que o telescópio que descobriu o buraco é batizado em homenagem ao astrônomo William Herschel, que viveu no século XIX. Em suas catalogações do céu noturno, Herschel registrou diversos trechos escurecidos que ele imaginou que fossem buracos, mas na verdade eram apenas nuvens escuras. “Daí em diante, sempre que se via o que parecia um buraco espacial, se presume que são nuvens,” explicou. “Chega a ser irônico que agora, quase 150 anos depois, um telescópio chamado Herschel viu algo que todos achavam que era uma nuvem, e na verdade era um buraco de verdade”.
Fonte: IG
Sugestão do Dia: Plante, ocupe os espaços vazios.

ÁGUA

Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta: - Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental ? Alguns arriscam: "Tumor na cabeça". Eu digo: "Não". Outros apostam: "Mal de Alzheimer". Respondo, novamente: "Não". A cada negativa a turma espanta-se. E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns: - diabetes descontrolado; - infecção urinária; - quando a família passa um dia inteiro no shopping enquanto os idosos ficaram em casa. Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte. Insisto: não é brincadeira!!! Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.. Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem. Conclusão: Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo. Por isso, aqui vão dois alertas. O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso! Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação. "Líquido neles e rápido para um serviço médico". Sugestão do Dia: Plante mais e beba mais água

VULCÕES ACESOS

Se vocês acham que o Eyjafjallajökull fez algum estrago, saibam que seu irmão, o vulcão Katla, fica situado a apenas 20km de distância e é 3 vezes maior. Os dois são interligados, e o Katla geralmente estoura uma vez em um século. A última erupção ocorreu em 1918, e geralmente ocorre depois das erupções do irmão pequeno (isso porque estão interligados por uma rede de magma).

Uma erupção do Katla seria 10 vezes mais forte e lançaria nuvens de cinzas maiores e mais altas. O vulcão Katla é subglacial e tem uma reputação como um dos vulcões mais perigosos da Islândia, senão do planeta. Antigamente, as pessoas acreditavam que o inferno era localizado sob estes vulcões. A erupção mais recente da cratera Víti, (Viti quer dizer inferno) perto de Krafla, ocorreu em 1976. Quando Viti entrou em erupção muitas fissuras se abriram e muitos rios de lava podiam ser vistos até no sul da Islândia.

A probabilidade do vulcão Katla entrar em atividade é de 75% no prazo de 6 meses a 1 ano. Essa erupção levaria ao degelo quase instantâneo do glaciar (gelo) por cima do Katla, que provocaria a formação de uma onda gigante de 30 metros de altura. Katla tem dado sinais de descontentamento desde 1999 e os geólogos temem que ele esteja pronto para despertar. Nos últimos 1000 anos, as três erupções conhecidas como a do Eyjafjallajökull provocaram erupções subsequentes no Katla.

Então aceite sua impermanência na Terra, seja na figura pessoal como na projeção sua nos seus descendentes. Não estamos fadados a durar muito, mesmo, enquanto estivermos cercados de indivíduos que colocam sua família como parasita de um ESTADO INTEIRO, às vezes até de uma NAÇÃO, sugando seus recursos até o esgotamento. Não precisa ser muito inteligente pra ver onde esse modelo de "esperteza" nos levará. Mas pode ser que nossos esforços pra ensinar o "homem sábio" a sobreviver como espécie possa terminar num dia de mau-humor do planeta Terra.

MÃÃEEEEEEEE...

feliz Mãe, todos os dias... SUGESTÃO PRA TODOS OS DIAS: Plante, e se voce ainda tem e está perto, abrace muito e beije muito, a sua Mãe !

MUNDO MELHOR

Está claro. O vegetarianismo é condição inescapável para o mundo melhor que todos queremos: um mundo em que haja paz e seja saudável, sustentável, compassivo e sem fome.

Há um forte consenso de que a dieta vegetariana é mais saudável do que as que dão ênfase aos alimentos de origem animal. Uma dieta vegetariana reduz o risco de doenças crônicas e degenerativas, como cardiopatias, câncer, diabetes, obesidade, osteoporose, doenças da vesícula biliar e hipertensão. São as principais doenças que levam ao óbito nas sociedades ocidentais. A correlação entre doenças e alimentação está comprovada. Segundo a Sociedade Americana de Câncer pelo menos um terço dos óbitos por câncer naquele país estão ligados à alimentação.

Uma dieta rica em vegetais atende, com mais freqüência, às recomendações atuais quanto ao percentual de gordura, carboidratos e proteínas do que as dietas onívoras. Segundo estas recomendações, devemos cortar as gorduras, sobretudo as saturadas, dar ênfase a grãos, frutas e vegetais e aumentar o consumo de fibras. Ora, esta é uma tarefa muito simples para um vegetariano.

Em uma dieta sem carne há menos possibilidade de contrairmos infecções bacterianas como, por exemplo, E. Coli, Camphylobacter ou Salmonella. Doenças como a encefalopatia espongiforme bovina (BSE ou doença da vaca louca), o vírus de leucemia bovina (BLV) e o vírus de imunodeficiência bovina (BIV) encontrados em animais podem afetar a saúde humana. Surtos de doenças em animais surgem com cada vez mais freqüência, como é o caso da gripe aviária, da aftosa e outras.

De acordo com o Dr. T. Colin Campbell, diretor do famoso Projeto China, um estudo epidemiológico sobre a relação entre dieta e saúde: "A vasta maioria, talvez 80 a 90% de todos os cânceres, doenças cardiovasculares e outras formas de doenças degenerativas podem ser prevenidas com a adoção de uma dieta vegetariana".

O acrônimo de Standard American Diet ou Dieta Americana Padrão, é "SAD", que em inglês significa triste. E é triste mesmo. Esta dieta foi posta "à prova" por sua possível ligação com centenas de milhões de mortes nos Estados Unidos. Cientistas produziram milhares de páginas de pesquisas sobre a ligação entre dieta e doenças crônicas degenerativas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou um grupo de especialistas em nutrição de todo o mundo para avaliar estas pesquisas. O resultado, um documento técnico de 200 páginas, intitulado "Dieta, Nutrição e Prevenção de Doenças Crônicas", foi publicado em 1990. A conclusão foi:

"As pesquisas médicas e científicas apontam para uma clara ligação entre fatores nutricionais e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, infarto, vários tipos de câncer, osteoporose, diabetes e outras doenças crônicas. Esse conhecimento é hoje suficientemente contundente para capacitar os governos a avaliar a qualidade dos padrões alimentares nacionais, detectar riscos e, assim, proteger sua população por meio de políticas que dêem preferência a alimentos saudáveis".

A alimentação vegetariana apresenta muitos benefícios. A posição da ADA (American Dietetic Association) e Nutricionistas do Canadá de 2003 reúne os principais estudos científicos sérios sobre vegetarianismo1.

Eis alguns resultados:

• Redução das mortes por infarto (doença cardíaca isquêmica) em 31% em homens vegetarianos e 20% em mulheres vegetarianas (estudo com 76 mil indivíduos). • Comparando a mortalidade por doenças cardíacas entre vegetarianos e semivegetarianos (no estudo considerado como consumidor de peixe ou carne 1 vez por semana), a mortalidade também é menor em vegetarianos. • Níveis sangüíneos de colesterol 14% mais baixos em ovo-lacto-vegetarianos do que nos comedores de carne. • Níveis sangüíneos de colesterol 35% mais baixos em veganos do que nos comedores de carne. • Menor pressão arterial (redução de 5 a 10 mmHg) nos vegetarianos. • Redução de até 50% do risco de apresentar diverticulite nos vegetarianos. • Redução de até 50% do risco de apresentar diabetes nos vegetarianos. • Probabilidade duas vezes menor de apresentar pedras na vesícula nas mulheres vegetarianas (estudo com 800 mulheres entre 40 e 69 anos). • Os não vegetarianos têm um risco 54% maior de ter câncer de próstata. • Os não vegetarianos têm um risco 88 % maior de ter câncer de intestino grosso (cólon e reto). • A carne vermelha ou branca está vinculada (de forma independente) com o risco aumentado de câncer de intestino grosso. • Redução da incidência de obesidade, um problema mundialmente preocupante. • Osteoporose: mulheres após a menopausa com dieta rica em proteína animal e pobre em proteína vegetal têm taxa mais alta de perda óssea e risco muito maior de ter fratura de quadril. • Pelo menor teor de proteínas e por melhorar os lipídios sangüíneos, a dieta vegetariana pode ser benéfica para os que sofrem de doença renal (principalmente os que não fazem diálise e apresentam diurese). • O consumo de carne aumenta em até 3 vezes as chances de desenvolver demência cerebral. • Uma dieta vegetariana sem derivados animais e com predominância de alimentos crus reduz os sintomas de fibromialgia.

Temos hoje no mundo um cenário desalentador. A fome é uma realidade dolorosa, persistente e desnecessária. No momento, existe suficiente terra, energia e água para bem alimentar mais que o dobro da população humana, contudo quase metade da colheita mundial de grãos é destinada aos animais enquanto milhões de seres humanos passam fome.

O Banco Mundial e a FAO (Food and Agriculture Organization, órgão das Nações Unidas) estimam que a fome crônica afeta mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

Ao contrário do que muitos pensam, o pobre está ficando cada vez mais pobre a cada ano.

• No continente africano, cerca de um em cada quatro seres humanos é subnutrido. • Na Ásia e no Pacífico, 28% da população passam fome. • No Oriente Próximo, um em cada dez são subnutridos. • Na América Latina, uma em cada oito pessoas vai para a cama com fome todas as noites. • No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas são classificadas como indigentes pelas estatísticas oficiais.

O estilo americano exerce uma influência enorme na vida de muitos países, e isso não se dá de forma inocente ou espontânea, mas é reflexo de lobby, políticas de incentivo, marketing da indústria de alimentos entre outras coisas. O Brasil não foge à regra ao importar esse estilo, que entra pesadamente tanto na maneira como são produzidos os alimentos, como nos hábitos que se alteram.

Certamente esta triste realidade está ligada a um sistema que exclui boa parte da população do acesso aos bens básicos necessários para assegurar-lhe uma vida digna. Investigar a questão da excludência passa necessariamente por uma análise profunda das premissas que fundamentam os sistemas dominantes no mundo. Mas uma coisa é certa: nossos hábitos alimentares se encontram estreitamente ligados a este quadro de miséria, subnutrição e fome descrito acima. Estão ligados também a um enorme desperdício, à degradação sem precedentes do meio ambiente e a um enorme sofrimento por parte dos animais.

• Número de crianças que morrem em decorrência da desnutrição e fome a cada dia: 38.000 • Freqüência com que morre uma criança na terra como resultado de desnutrição e fome: a cada 2,3 segundos • Quantidade de ração necessária para produzir um quilo de carne bovina: 5 a 7 kg

Uso da terra

Segundo o Instituto Cepa um boi precisa de 3,5 hectares e 4,5 anos em média para estar apto a ser abatido, gerando em média 210 quilos de carne. Nesta mesma terra e mesmo tempo, colhem-se no Brasil, em média:

19 toneladas de arroz 8 toneladas de feijão 34 toneladas de milho 23 toneladas de trigo 32 toneladas de soja

• Quantidade de terra no mundo destinada a pastagens para o gado: metade • Quantidade de pessoas que poderiam ser alimentadas com cereais empregados na produção de um bife de 225 g: 40

É um disparate!

É tão grande o disparate que o Instituto Worldwach, que fornece indicadores sobre energia, uso da água, do solo etc. afirma:

"Alimentar a população do mundo atual com uma dieta baseada no estilo americano exigiria 2 ½ vezes a quantidade de grãos produzidos no mundo. Um mundo futuro de 8 a 14 bilhões de pessoas alimentando-se com a ração americana de 220 gramas diários de carne gerada a partir do consumo de grãos não passa de um vôo da fantasia"2

• O consumo de grãos pelo rebanho animal está aumentando duas vezes mais rapidamente do que o consumo de grãos pelas pessoas. • Quantidade de soja cultivada nos EUA consumida pelos animais: 90% • Quantidade de milho cultivado nos EUA consumido pelos animais: 80% • Quantidade total de grãos produzidos nos EUA consumidos pelos animais: 70% • Quantidade da colheita mundial de grãos consumidos pelos animais durante os anos oitenta: Metade • Quantidade de milho cultivado no Brasil consumido pelos animais: 90%

Uso de água

A pecuária é um dos melhores exemplos de uso ineficiente de recursos hídricos. Além da água utilizada diretamente na produção dos animais, é preciso considerar também o que é gasto indiretamente, ou seja, na água usada para irrigar as culturas que vão fornecer alimento para esses animais.

Cerca de 70% da água doce captada dos rios, lagos e depósitos subterrâneos é destinada para uso agrícola, sendo que os 30% restantes são utilizados para as demais atividades (consumo doméstico, atividade industrial, geração de energia, recreação, abastecimento e outros).

Observando esse número pode parecer que consumir vegetais gasta mais água, já que a agricultura é a grande responsável pela utilização desse líquido precioso. Mas é importante saber que grande parte da nossa produção agrícola é usada para alimentar o gado, ou seja, a maior parte da água é utilizada para produzir carne.

No Brasil, são necessários em média 2 mil litros de água para produzir um quilo de soja. Para produzir cada quilo de carne bovina, por outro lado, são necessários cerca de 15 mil litros de água. Nesse cálculo entram não só a água que os animais bebem (cerca de 50 litros/dia), mas também a água utilizada na produção de seu alimento.3

Ou seja,

1 quilo de soja = 2 mil litros de água 1 quilo de carne = 15 mil litros de água

Aquecimento global

A pecuária é também uma das maiores fontes de emissão de gás metano para a atmosfera. O processo de formação do gás ocorre durante o processo digestivo de fermentação entérica de animais ruminantes, sendo o metano subproduto deste processo, liberado para a atmosfera através da flatulência e eructação dos animais. Em média, estima-se que 6% de todo o alimento consumido pelo gado no mundo seja convertido em gás metano. O metano é 24 vezes mais potente do que o dióxido de carbono para causar aquecimentos atmosféricos, contribuindo com 15% do total do aquecimento global.4

Poluição da água & dejetos

A explosão da população de animais de criação resultou em uma paralela explosão de resíduos animais, que são grandes poluidores das águas. O nitrogênio proveniente destes resíduos é convertido em amônia e nitrato que se infiltram nas águas poluindo poços, contaminando rios e riachos e matando a vida aquática.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, cerca da metade dos poços e córregos do país estão contaminados.

No oeste catarinense a situação é muito grave não só de contaminação das águas, como da sua escassez e do acúmulo de excrementos. Para amenizar o problema, fazem piscinões forrados de plástico para colocar os dejetos dos porcos.

Na Holanda, o esterco gerado pelos 14 milhões de animais de produção provoca mais prejuízos que os automóveis e as fábricas juntos, segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública e Proteção Ambiental do país. Parte desse excesso está sendo enviado para a África de navio.

• Poluição da água atribuível à agricultura, incluindo a vazão de solo, pesticidas e excrementos: Maior do que todas as fontes industriais e municipais combinadas • Produção de excremento dos animais de produção nos EUA: 104 mil kg por segundo • Resíduos gerados por um rebanho de 10 mil cabeças: igual a uma cidade de 110 mil habitantes

Em SC, apenas nos últimos 5 anos de produção intensiva de carne suína, foi gerado o equivalente aos dejetos de uma população de 100 milhões de pessoas (sem contar o impacto da produção de quase 900 mil toneladas de cama de aviário). Isto é, somente com a produção industrial de suínos SC produz uma quantidade de dejetos equivalente a uma população humana quase 20 vezes maior que sua atual população.

• Quantidade de dejetos produzidos por um suíno: equivalente a 3,5 pessoas • Quantidade de excrementos gerados a cada kg de carne bovina: 7 litros

A criação de gado é responsável pelo desmatamento de 93% da Mata Atlântica, 80% da Caatinga, 50% do Cerrado e 18% da Amazônia.

A Amazônia está sendo devastada em grande medida pela criação de gado e cultivo de soja. Para quem vai essa soja? No Brasil não temos hábito de consumo de soja. Fora uma parcela substancial de soja para o óleo, o resto vai para exportação e vira ração para animais.

Em quarenta anos, de 1964 a 2004, o rebanho bovino da Amazônia saltou de 1,5 para 60 milhões de cabeças. Este lote representa 1/3 do rebanho brasileiro. Três cabeças de boi para cada habitante da Amazônia. No Brasil já há mais bois que gente!

A pecuária é altamente concentradora de renda. Inexiste uma única região do Brasil onde a pecuária promoveu o desenvolvimento com justiça social. Pior, a maior parte dos fazendeiros perde dinheiro com a atividade.5 Ao desconstruirmos o pedaço de carne que temos no nosso prato chegamos a um quadro de dor e miséria. A dieta centrada na carne tem impacto negativo sobre a saúde das pessoas, gera enorme sofrimento aos animais e é um dos fatores que mais agridem o meio ambiente e esgotam os recursos naturais, sendo um dos principais responsáveis pela derrubada das florestas, pelo uso e contaminação das águas, pela perda da biodiversidade etc. Nunca na história da humanidade os animais foram criados e abatidos de forma tão cruel, confinados, impedidos de seus instintos mais básicos, gerando enorme estresse, doenças, sofrimento. Todos queremos um mundo melhor, e muitas vezes nos sentimos impotentes diante dos graves problemas que assolam nosso país. Porém, ao mudarmos nossos hábitos alimentares podemos contribuir diretamente para a construção de uma sociedade mais equilibrada, sem fome e sem violência, que promove a paz para todos os seres, a compaixão intra e interespécies e preserva o meio ambiente. Um mundo pacífico, saudável e sustentável está inescapavelmente ligado ao que colocamos em nosso prato todos os dias.

Referências:

1. Posição da Associação Dietética Americana (ADA) sobre dietas vegetarianas http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=291&Itemid=67
2. Produção de alimentos, degradação ambiental e fome – Marly Winckler
3. Folheto da Sociedade Vegetariana Brasileira sobre Água e Consumo de Carne.
4. A Pecuária e as Mudanças Climáticas – Sergio Greif http://www.svb.org.br/depmeioambiente/PecuariaeMudancasClimaticas.htm
5. Você já comeu a Amazônia hoje? – João Meirelles Filho