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Para o Espaço

Governo dos EUA boicotou programa espacial brasileiro nos anos 1990

Telegramas diplomáticos do Itamaraty nos anos 1990 revelam a pressão norte-americana para boicotar a venda de tecnologia estrangeira essencial para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro. Em um dos telegramas, o Itamaraty diz que a pressão dos vizinhos do norte atrasaram em quatro anos o desenvolvimento e lançamentos de satélites.

(Foto:) Réplica do VLS exposto no Memorial Aeroespacial Brasileiro.

O desenvolvimento de tecnologia espacial no Brasil sempre esbarrou em cortes orçamentários e insuperáveis gargalos tecnológicos. Em 2003, quando o programa caminhava com muito esforço – e se não tinha ainda conquistado o espaço, tinha produzido uma geração de engenheiros e técnicos com muita experiência no ramo –, aconteceu o acidente na Base de Alcântara, em agosto. O desastre matou 21 técnicos do programa e causou a destruição das instalações e do VLS (Veículo Lançador de Satélites).

O bloqueio da chegada de tecnologia por meio da pressão norte-americana teria começado ainda em 1987, revela o telegrama. Segundo o texto, a política dos EUA teria significado atraso no lançamento do VLS (Veículo Lançador de Satélites), marcado para 1989. O primeiro teste de voo só aconteceria em 1997.

Em 1995, o Brasil tornou-se signatário do acordo RCTM (Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis), que impõe limitações aos signatários para coibir o amplo desenvolvimento de mísseis nucleares.

Na época, além do VLS, o Programa Espacial tinha na agenda a criação de quatro satélites, dois de monitoramento remoto e dois para coleta de dados. Os EUA negaram-se a exportar transmissores para o Brasil. O Itamaraty orientou o embaixador do Brasil em Washington a manifestar "estranheza e preocupação" para com a postura norte-americana, que só seria revista muitos meses depois.

Atualmente, o Brasil desenvolve uma parceria com a Ucrânia no setor. Eles oferecem a tecnologia da construção de foguetes e sua família de propulsores Cyclone. O Brasil entra com a privilegiada localização da Base de Alcântara, seu contingente técnico e ajuda a pagar a conta da binacional, que pretende no futuro lançar comercialmente satélites e vender foguetes para outros países.