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saravá !

a arvore e o caos



Um velho amigo jornalista me ligou assim que leu o post sobre por que caem as árvores de São Paulo. Estava preocupado:

- Cuidado! Pelo jeito que a imprensa está tratando o assunto, daqui a pouco todos vão pensar que as árvores é que são as culpadas pelo caos na cidade depois dos temporais!

E continuou:

- Daqui a pouco vai surgir um movimento ou abaixo assinado na internet para acabar com as árvores das calçadas, pois são elas que atrapalham o trânsito quando caem, arrebentam os cabos elétricos e provocam apagões, estragam carros e casas quando deixam-se derrubar  tão logo sentem uma chuvinha e um ventinho…

A brincadeira é obviamente um exagero, mas compreender um pouco melhor o papel das árvores em uma cidade como São Paulo talvez nos ajude a relativizar as consequências desagradáveis quando uma delas interdita uma rua e fica lá, atrapalhando o trajeto de muitos, dando prejuízo ao comércio da região, às vezes até prendendo gente dentro de casa, enquanto aguarda sua retirada pelas equipes da prefeitura.

As árvores urbanas são fundamentais, por exemplo, para reduzir a temperatura dos bairros, tanto é que nas áreas arborizadas da cidade, as temperaturas chegam a ser até 5 graus Celsius mais amenas nos dias mais quentes. Além disso, elas são importantes para capturar, pela fotossíntese,  o gás carbônico da atmosfera poluída e transforma-lo nos compostos orgânicos que compõem a madeira. Quem entende do assunto fala que as árvores “fixam” o carbono, retirando-o da atmosfera.

É nesse processo de fixação do carbono na madeira que as árvores crescem, expandem seus galhos, tornam-se frondosas e adultas. Do ponto de vista da gestão desse recurso natural de limpeza do ar, o ideal seria cortá-la quando chegassem ao ponto máximo de crescimento e seriam, então, transformadas em móveis ou construções de madeira, ou qualquer outro formato de fixação final. Em seu lugar, uma nova muda reiniciaria o processo de captura de mais carbono da atmosfera, com muito mais vigor, pois ainda teria muito a crescer.

A tese é dificil de ser defendida, em função dos ânimos preservacionistas, mas estaria absolutamente de acordo com as doutrinas de sustentabilidade e conservação ambiental dos ambientes urbanos.

Quando as árvores tornam-se velhas e abandonadas nas calçadas, viram presas preferenciais dos microorganismos e pragas naturais, apodrecendo seu tronco e ficando expostas a serem desestabilizadas na próxima tormenta. Enquanto isso são literalmente comidas por cupins, que na falta de folhas sobre a superfície da terra (as árvores da cidade são quase que estranguladas pelas calçadas de cimento), sobem no tronco e a fragilizam ainda mais, sem dó.

Essa inteligência no uso e reuso dos recursos naturais em grandes cidades deveria virar programa de governo e como decorrência, estaria criada a sistemática de plantio, acompanhamento, avaliação, poda e substituição das árvores da cidade. Um bom exemplo disso ocorre em vários países, onde os governos dão estímulos extras para quem quiser construir edifícios (até mesmo de alguns andares) usando preferencialmente madeira como matéria prima.

Mas aqui não acontece nada disso, as arvores nas cidades nascem, crescem, apodrecem e caem, quando não em cima de voce ou do seu carro. Na maioria dos casos, especies inadequadas, em lugares inadequados, muitas, de germinação espontanea, mesmo porque ninguem planta na area publica, para a sorte de alguns, que dão valor a vida.

Mais espaço para as arvores e calçadas. Mais caminhadas, mais bike, mais metro, trem...mais alternativas, mais verde, mais vida.